sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O ASPECTO POSITIVO DO SOFRIMENTO.

Qual a finalidade do sofrimento e seus benefícios na caminhada cristã? SANCHES, Thiago Emílio Matias. (E. T. C. S) 1. Introdução O objetivo desse ensaio é abordar a questão do sofrimento em uma perspectiva cristã. Diante de tantas controvérsias que giram em torno desse assunto, pretendemos, através desse trabalho, analisar a visão bíblica, partindo de um texto das Escrituras (I Pe. 4. 12-16, 16a), esclarecendo dúvidas e solucionando conflitos que afetam a saúde doutrinária da Igreja. Muitas correntes teológicas afirmam que o sofrimento “não” faz parte da caminhada cristã, é apenas consequência de uma vida pecaminosa e castigo de Deus para aqueles que não contribuem para os cofres de muitas instituições. No entanto, a Bíblia diz que a vida com Cristo é um desafio constante. Jesus nunca nos chamou para uma vida tranquila, mas para corrermos riscos por amor de seu nome, e o sofrimento é um desses riscos que correríamos. Segundo a palavra de Deus, o “sofrer cristão” é um meio usado por Deus para moldar as nossas vidas. Palavras Chave: Teologia; Novo Testamento; Sofrimento. 2. Definição de Sofrimento da I Epistola de Pedro. O sofrimento é uma das marcas do cristão autêntico, por isso, é importante saber o que as Escrituras falam acerca desse assunto, pois muitas controvérsias surgem pela falta de uma compreensão correta a respeito desse aspecto da vida cristã. Na primeira epístola de Pedro, temos uma referência ao sofrimento como dádiva dessa vida, então veja no capítulo quatro: “Amados, não se surpreenda com o fogo que surge entre vocês para prová-los, como se algo estranho lhes estivesse acontecendo. Mas, alegre-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo. [...], contudo, se sofrer como cristão, não se envergonhe, mas glorifique a Deus por meio desse nome”. O comentarista do Novo Testamento MacDonalld (2007, p. 332), afirma ainda sobre esse texto que: A palavra “sofrimento” e termos relacionados ocorrem vinte e uma vezes ao longo dessa epístola. Pedro nos diz, porém, que devemos considerar o sofrimento parte normal da nossa caminhada com Cristo. Não temos o direito de esperar ser tratados com mais consideração do que nosso Salvador o foi. Participar dos sofrimentos de Cristo deve ser um motivo de grande alegria para cada cristão. Portanto, o sofrimento é algo que está totalmente ligado ao nosso chamado cristão, a partir do momento que nos tornamos seguidores de Jesus, automaticamente o sofrimento é inserido em nossa caminhada cristã, e torna-se um instrumento divino, para aperfeiçoamento de nosso caráter, tornando-nos mais parecido com Cristo. Confirmando a teologia do sofrimento de I Pedro, Fannning (2008, p. 499) argumenta que: “Em I Pedro, há ocorrência de dezesseis palavras para sofrimento (sem contar as 57 ocorrências do Novo Testamento), além de outras expressões que descrevem dificuldades”. No caso, outro comentarista neotestamentário vê o sofrimento como um privilégio: “Quando Pedro fala do sofrimento cristão, na verdade ele está convocando à Igreja para participar dessas provações, pois é através desses momentos que nos aproximamos de Cristo. É honroso para o cristão participar dos sofrimentos de Cristo. A idéia de sofrimento por amor a Cristo é proeminente, especialmente nas epístolas paulinas. Até por que, sofrer como cristão é motivo de alegria e não de tristeza. O sofrimento é usado por Deus, para amadurecermos na fé e crescermos espiritualmente no nosso relacionamento pessoal com Cristo.” (KISTEMAKER, 2006, p. 237). Para Champlim (2002, p. 158), entende-se que “o sofrimento é um fogo testador, provador, e purificador da parte de Deus”. Sendo assim, o autor compreende o sofrimento como instrumento da providência divina, que vem nos encorajar, estimular a nossa fé, para estarmos cada vez mais firmados na pessoa de Jesus Cristo. E conclui; “[...] o sofrimento e as provações é um dos temas centrais da fé cristã, pois somos chamados por Deus para uma vida de desafios”. 3. Finalidade e os benefícios do sofrimento. Apesar de todos os comentaristas abordarem o texto sob perspectivas diferentes, uma coisa fica clara, todos entendem que o sofrimento é um meio utilizado por Deus para edificar a nossa fé. Mesmo folheando as Escrituras é possível descobrir que o sofrimento não tem um fim em si mesmo, o Deus Soberano tem o controle de todas as coisas e nada acontece sem sua permissão, assim, dessa forma é fácil dizer que a finalidade do sofrimento é o aperfeiçoamento dos santos, pois através dele ficamos mais parecidos com nosso Senhor Jesus Cristo. Por mais que saibamos que todo sofrimento nesta vida nos traz tristezas, embora sejamos confortados pelo o Espírito de Deus, nada pode se comparar com o que Deus tem preparado. Como disse Lewis (2000, p. 263) “O que chamaríamos aqui e agora de nossa “felicidade”, não é o alvo principal que Deus tem em vista: mas, quando formos aquilo que Ele pode amar sem impedimentos, seremos de fato felizes.”. 4. Considerações Finais O sofrimento é um instrumento da soberania de Deus que governa e molda os acontecimentos de nossas vidas, haja vista que Deus é o grande tecelão, que vai tecendo cada fio de nossa existência, embora no momento não entendamos o objetivo do sofrimento, depois compreendemos que nosso Deus é sábio e faz muitas obras ao nosso favor. Por fim, acreditemos no Deus soberano que faz do sofrimento humano um meio de derramar a sua graça, moldando conforme a sua imagem e semelhança, pois essa é a grande finalidade do ser humano, a glória de Deus.